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1. Educação humanitária

O que é e quando surgiu a educação humanitária

A educação humanitária pode ser definida como a educação que incorpora e dá destaque para a compaixão e respeito por todos os seres vivos. A educação humanitária também engloba respeito ao meio ambiente, o tratamento compassivo de outras pessoas e a interconectividade de questões pertencentes às pessoas e ao planeta. A educação ensinada através das lentes da pedagogia humanitária apoia mais do que a aquisição de conhecimento, permite que os alunos processem valores pessoais e façam escolhas alinhadas com esses valores, enxergando o mundo de uma forma crítica e compassiva (FAVER, 2010; INSTITUTO NINA ROSA, 2020).

 Os princípios da educação humanitária

A sociedade carece de informação e educação necessária para como tratar e cuidar de maneira correta dos animais, nesse contexto a educação humanitária e a guarda responsável são almejadas e tem como objetivo principal a conscientização das pessoas para melhorar  o convívio com os pets, evitando casos de abuso, maus tratos e abandono (SANTANA & OLIVEIRA, 2006). A guarda responsável de um animal implica no compromisso ético com a sua comunidade de promoção e preservação da saúde, tanto do animal quanto pública, preservação do meio ambiente e também de assegurar o bem-estar animal (VIEIRA et al., 2009). Demanda também, em responsabilidades dos tutores, conforme decretos legais, mais especificamente o Artigo 32 da Lei N° 9.605 /1998, banir os maus- tratos, garantir alimentação saudável e não permitir por exemplo espaços muito reduzidos ou limitados para vivência do animal (BRASIL, 1998).

Relação da educação humanitária com o meio ambiente

A Educação Ambiental (EA) busca uma reversão no modo de vida da sociedade que produz e consome os mais diversos produtos em demasia. A produção desmedida beira o esgotamento dos bens e recursos naturais, colocando em risco a vida do planeta (SANTOS, 2016). Ela é parte importante da educação humanitária e abrange diferentes públicos de diferentes idades.

A inserção da EA no currículo das escolas brasileiras foi reafirmada por meio das Diretrizes Curriculares Nacionais para a EA (DCNEA) de 15 de junho de 2012 (BRASIL, 2012). A Lei de Diretrizes e Bases da Educação no Brasil (LDB) prevê em seu artigo 4º a abrangência do ensino obrigatório para a faixa etária de 4 a 17 anos. Sendo assim, a Educação Infantil passa a ser obrigatória para as crianças desta faixa etária.

No Brasil a Conferência Rio-92 estabelece uma proposta de ação para os próximos anos, denominada Agenda 21. E, por meio deste Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, assinado durante a RIO 92, enfatiza, na diretriz 19 do Plano de Ação, a importância de mobilizar as instituições de educação superior para o ensino, pesquisa e extensão em Educação Ambiental e a criação, em cada universidade, de centros interdisciplinares para o meio ambiente (SAHEB, 2016).

Relação da educação humanitária com alimentação e tratamento de animais

No século atual em que vivemos, o papel de educação humanitária torna-se imprescindível no que se refere-se ao consumismo e exploração animal. Em concordância com a autora americana Zoe Weil (2004, p.71), a educação humanitária está apta a ensinar os jovens sobre o que acontece com o planeta e dá-lhes instrumentos para realizar escolhas que vão gerar um mundo mais justo, pacífico e seguro. Dessa forma, o princípio proposto de propagar conhecimento e informações para desenvolver atitudes éticas de respeito e compaixão com os animais e fazer reconhecer que nossas atitudes como seres humanos tem grande impacto nas outras vidas pode mudar a percepção que se tem acerca da biodiversidade.

Assim sendo, a alimentação adotada pela maioria das pessoas em nosso contexto contemporâneo é um dilema que precisa ser questionado e levantar pensamentos sobre tudo o que está envolvido por trás dos bastidores. Seria o sofrimento animal e o modo cruel como são tratados para certo fim uma alternativa inteligente e necessária? O que difere a espécie humana da animal se ambos possuem vida e compartilham do mesmo planeta? Ou por que temos o direito de viver plenamente ao passo que os animais são tratados como produtos? A educação humanitária instiga os seres humanos a pensarem fora da caixa, a enxergar seus princípios e sustentar atitudes conscientes (WEIL, 2004).

Estratégias de educação humanitária e exemplos pelo mundo

No Brasil, a educação humanitária para crianças nas escolas é realizada majoritariamente através de Organizações Não Governamentais (ONGs) por meio de campanhas temáticas nas escolas, palestras para estudantes, capacitação de professores e disponibilização de materiais e filmes educativos (SOUZA, 2012). Atividades lúdicas como a realização de atividades em grupo, a visualização de vídeos e a dramatização são utilizadas na educação humanitária, já que despertam interesse e potencializam a interação dos alunos, facilitando o aprendizado (DE ALMEIDA, 2014).

Em outros países, alguns métodos empregados nessa forma de educação são a introdução de temas humanitários em aulas de conteúdo regular, a abordagem desses temas por meio da literatura e o aprendizado através de ações (FAVER, 2010). No Canadá, por exemplo, as estratégias de educação humanitária podem incluir a presença de um animal de estimação na sala de aula, de forma esporádica ou permanente e passeios escolares a áreas de conservação, fazendas e zoológicos (DALY & SUGGS, 2010).

Outra maneira de promover a educação humanitária seria através da implementação da educação em valores na sociedade. A educação em valores visa o desenvolvimento de cidadãos com senso de responsabilidade e cuidado, através do ensino e discussão sobre valores como compaixão, respeito, empatia e inclusão. Visando contribuir para a disseminação de tais conhecimentos, em nosso projeto, UMEES no enfrentamento à COVID-19, estamos desenvolvendo o “Curso EaD-Educação em Valores”, tendo como público alvo professores da rede pública de ensino municipal da cidade de Campo Magro- Paraná. O curso será ofertado de forma totalmente remota, tendo como ministrantes pesquisadores, profissionais e atores sociais da área de educação humanitária. Além disso, contamos com a colaboração e apoio da CIFAL/ UNITAR (Centro Internacional de Formação de Autoridades e Líderes/ Instituto das Nações Unidas de Treinamento e Pesquisa) e da Secretaria de Saúde e Educação de Campo Magro.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei Federal N° 9.605 de 12 de Fevereiro de 1998. Capítulo V, Seção I, Artigo 32. Publicado no Diário Oficial da União de 13 de fevereiro de 1998

BRASIL. Resolução CNE/CP 2/2012. Diário Oficial da União, Brasília, 18 de junho de 2012 – Seção 1 – p. 70

DALY, Beth; SUGGS, Suzanne. Teachers’ experiences with humane education and animals in the elementary classroom: implications for empathy development. Journal of Moral Education, v. 39, n. 1, p. 101-112, 2010.

DE ALMEIDA, Juliana Ferreira et al. Educação humanitária para o bem-estar de animais de companhia. Enciclopédia Biosfera, v. 10, n. 18, p. 1366-74, 2014.

FAVER, Catherine A. School-based humane education as a strategy to prevent violence: Review and recommendations. Children and Youth Services Review, v. 32, n. 3, p. 365-370, 2010.

INSTITUTO NINA ROSA. Disponível em: http://www.institutoninarosa.org.br/educacao-humanitaria/. Acesso em: 21 jun. 2020.

SOUZA, Joseth Filomena de Jesus. O olhar da bioética sobre a representação social de animais no contexto da educação humanitária. 2012. 87 f., il. Dissertação (Mestrado em Bioética) – Universidade de Brasília, Brasília, 2012.

SAHEB, D.; A educação ambiental na educação infantil: limites e possibilidades. Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental, Rio Grande do Sul, p. 133-158, jul/dez 2016

SANTANA, L.R.; OLIVEIRA, T.P. Guarda Responsável e dignidade dos animais. Revista Brasileira de Direito Animal, v.1, n.1, p.67-104, 2006.

SANTOS, F. R.; SILVA, A. M. A importância da educação ambiental para graduandos da Universidade Estadual de Goiás: Campus Morrinhos. Interações (Campo Grande), v. 18, n. 2, p. 71, 30 maio 2017.

VIEIRA, A.M.L. et al. Programa de controle de populações de cães e gatos do Estado de São Paulo. Boletim Epidemiológico Paulista – BEPA, Suplemento 07, v.6, ISSN 1806-4272, 2009.

WEIL, Z. The Power and Promise of Humane Education (English Edition). New Society Publishers, 2004. Disponível em: https://amz.run/3QZu. Acesso em: 21 julho 2020.

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